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sábado, 25 de maio de 2013

Métodos de Pesquisa em Antropologia

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE.


                        A observação participante segue o princípio de que o antropólogo deve conviver e participar dos ritos e costumes do grupo estudado, ainda que pareça de pouca importância ele deve se ater até aos pormenores. Através da análise criteriosa, da observação, da convivência, seus estudos servirão de alicerce para o conhecimento da sociedade.
                        As bases desta investigação foram instituídas por Bronislaw Manilowski ao romper com a “antropologia de gabinete” e conviver com os ilhéus trobriandeses. Seus estudos estão pautados em um constante diálogo entre a observação participante e as descrições etnográficas.. Sua convivência durante quatro anos com aquela cultura contribuiu enormemente para o desenvolvimento da Escola Funcionalista. Tal convivência foi descrita em seu livro “Os argonautas do Pacífico Ocidental.” Esta obra é considerada como um marco na introdução de um novo modelo epistemológico. Trouxe para antropologia a caracterização de uma cultura segundo observações feitas pelo próprio antropólogo.

                        Antes da observação participante o critério de investigação baseava-se em questionários, relatos de viajantes, documentos que serviam de orientações para se determinar os padrões culturais que se relacionava com aquela sociedade. Com a nova metodologia de estudo, a visão etinocentrista e Eurocentrista foi posta de lado e assim as culturas que eram consideradas primitivas passaram a ganhar contexto mais contemporâneo.
                        Apesar deste novo conceito, desta nova visão, a aculturação dos povos tornou-se ponto de crítica, uma vez que contribuiu para a colonização dos povos.
                        A principal característica deste conceito (observação participante) foi dar valor aos povos à sua cultura (relativismo cultural) e esta observância colaborou para dar atualidade ao não-europeu.


Etnografia.

                        Seja em qualquer escola de pensamento a etnografia constituiu-se como método de pesquisa utilizado por diversos pensadores.
                        Segundo Spradley (1979), etnografia “é a descrição de um sistema de significados culturais de um determinado grupo”. Para Malinowski, etnografia é “a compreensão do ponto de vista do outro, sua relação com a vida, bem como a sua visão do mundo.” Segóvia Herrera define etnografia como a descrição de uma cultura particular que possibilita a descoberta de domínios de conhecimentos, bem como a interpretação de comportamento dos elementos culturais em relação a determinados aspectos.”
                        As definições acima mostram que o modo de colher dados e interpretá-los, os métodos de estudos, variam de acordo com cada escola de pensamento, entretanto, a etnografia não perde a sua importância, pois ela é intrínseca aos estudos antropológicos.
                        Este método de investigação foi introduzido por Manilowski, em seus estudos das tribos da Ilhas Trobriand e se consolidou com a publicação do livro “Os argonautas do Pacífico Ocidental, em 1984. Devemos entender que este método baseia- na descrição detalhada do grupo estudado e no significado do que eles fazem. Portanto, a etnografia assume caráter descritivo da cultura, do modo de vida, dos hábitos do grupo estudado, para mais tarde servir de base conclusiva aos estudo etnológicos.
                        Etnografia não é apenas escrever, mas escrever todos os pormenores, todos os aspectos, ainda que a primeira vista possam parecer sem importância


Hermenêutica.

Uma vez que, a partir do desenvolvimento tecnológico e industrial o distanciamento entre povos, e língua, e nação passou a ser cada vez menor, isto gerou, promovida pelas culturas de massa, por processos migratórios, uma uniformização cultural. A antropologia, que sempre foi considerada a ciência da alteridade, pareceu enfrentar um grande paradigma, pois o seu objeto de estudo (as diferenças culturais) pareceu se perder. Até então todos os estudos antropológicos estavam pautados em modelos descritivos. Somente a partir do século xx um novo conceito, desenvolvido por Hans-Georg Gadamer, denominado hermenêutica, passou a ser utilizado.
                        Na antropologia moderna coexistem quatro correntes antropológicas: a racionalista, a estrutural-funcionalista, a culturalista e a interpretativa. Esta última caracteriza-se pela hermenêutica, onde a busca de se compreender através da interpretação é um fator preponderante. Este conceito de pesquisa parte do pressuposto de que o antropólogo não deve ater-se a conceitos arraigados, mas procurar a partir de sinais, expressões simbólicas, o seu significado. O homem passa a ser visto por sua subjetividade.
                        Geertz foi um dos maiores expoentes deste novo modelo. Definiu cultura como sendo “um conjunto de idéias comuns a determinado grupo, que são trabalhados continuamente de maneira imaginativa, sistemática, explicável, mas não previsível.” (Geertz, 1989) Para este teórico a organização da vida social acontece através de símbolos, como sinais, representações, e para entendê-la e formular princípios a seu respeito, devemos estar sensíveis a esta subjetividade.
Assim, a “hermenêutica representa um esforço para aceitar a diversidade entre as várias maneiras que seres humanos têm de construir suas vidas no processo de vivê-las” (Geertz, 2001a, pp. 37 e 29).



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